"O lado fatal": este é o livro de poesia que Lya Luft escreveu para Hélio Pellegrino, seu grande amor, logo após sua morte, depois de viverem apenas três anos juntos. Ler um livro desses como a narrativa do amor e da perda, faz a gente, do lado de cá, sentir a mesma coisa...
Dar adeus sempre dói... perdemos fatalmente um lado de nós.
"O meu amado era velho e moço
ríspido e cândido
apaixonado e solitário
e compreendeu minha atormentada alma como ninguém.
Achava graça em mim algumas vezes.
Mas quando eu lhe dizia sentir medo sem razão
no meio da noite
(com certeza antecipando a separação que sobrevinha)
ele me abraçava calado e sombrio, dizendo:
"É para se ter medo mesmo."
Não pronunciávamos então a palavra temida
que talvez nos espreitasse nos cantos do quarto.
Só nessas ocasiões ele não me explicava nada."
(IN: LUFT, Lya. O lado fatal. Rio de Janeiro: Rocco: 1989, p. 67.)
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Um comentário:
Me impressionou bem o poema da Luft. As perdas são inevitáveis e às vezes necessárias. Já me perderam várias vezes, reencontrei-me, recuperei o passo até o extravio seguinte. Pois inevitável e necessário também é prosseguir, mesmo manco. Minha cara amiga, aí vem o São João, tem fogueira e milho assado e muito quentão. Vamos organizar o arraiá! Abr. (carlos)
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