Em homenagem à aniversariante do dia 09 de abril:
Esse lindo e comovente poema de Mônica Menezes...
(Desculpe, amiga, mas essa máquina terrestre desarrumou os teus versos... e eu não consegui colocá-los na ordem original...)
Quando dos teus sessenta anos
Hoje, quando completaria sessenta anos, meu pai,
eu te dou as minhas mãos
e tocarei por ti o vermelho solo que amava
Dou-lhe também os meus olhos
e espiarei por ti as águas turvas do rio que tantas vezes inundou a nossa estrada
Meu pai, serão tuas hoje as minhas pernas e pés
e caminharei por ti pelos longos caminhos da nossa terra para sempre perdida
e subirei no alto da Pedreira
e de lá avistarei a nossa casa amarela com suas seis crianças brincando nos
galhos da mangueira
Hoje, serás tua a minha boca, meu pai,
e beberei por ti todo o vinho
e devorarei toda a fruta
e sorrirei despudorada aquele teu sorriso largo
e me embriagarei de vida e de morte e de vida e de morte
e de vida
Hoje, no dia em que completaria sessenta anos, meu pai,
eu repetirei teu nome
e me consagrarei tua herdeira
carne da tua carne
sangue do teu sangue
Humana e louca serei
como sempre fostes, meu pai,
Para sempre tua filha
Mônica Menezes
24.02.2008
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2 comentários:
Belíssimo e emocionante, Aeronauta. Mônica é incrível. Vocês duas, aliás, são incríveis.
Eu só posso agradecer imensamente a vocês duas, tão queridas. Beijos, Mônica
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