"Venho do ar, da multiplicação de sombras,
cheiros se cruzando".
Ah se eu tivesse escrito versos assim... Tais versos são de meu "aero-amigo" Murilo Mendes, ser que freqüento hoje, para que eu possa ganhar um pedaço de nuvem do céu. E ele diz, bem baixinho no meu ouvido...
"(...) Há qualquer
coisa esperando no ar, pressentimento de outras
distâncias, realidades paralelas a esta,
espíritos puros nascendo, o amor
aproximando as formas."
... Só a poesia dá sopro à minha aeronave. E Murilo Mendes brinca com ela na janela do meu quarto me chamando para voar. E rindo seu riso transcendente recita para mim, mais uma vez, o início de seu tão conhecido "Mapa", para que eu também ria, quem sabe...
"Me colaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado. Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul pelo medo,
a leste pelo Apóstolo São Paulo, a oeste pela minha educação."
Corta todo o poema... e quase recita o final...
"(...) Não me inscrevo em nenhuma teoria,
estou no ar, (...)"
... Vejo-o dentro da aeronave. Ele me dá a mão e eu entro. Ele vai dirigir. Quando subimos, ouço-o declamar, em tom confessional, dentro de uma nuvem...
"Me casei com a minha mulher
e com todo o passado dela.
Sou pai dos meus filhos,
do filho que ela teve com o amante antigo
e dos filhos que eu já vejo andando no ar."
... Trocamos versos confessionais, rimos, enquanto um vento fresquinho nos põe dentro de outra nuvem... Ah, Murilo, você é uma excelente companhia para voar...
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4 comentários:
Me leva! Me leva! Deixa eu pegar minha garrafa de Concha Y Toro! Me leva! Ei, espera aí, me leva! (carlos)
Murilo Mendes, autor de uma frase-poema que nunca nos esqueceremos: "o Homem é único animal que joga no bicho".
Verdade.
Sensacional.
Viva ao Murilo Mendes q trouxe nossa nauta d volta!!!
Nauta,
Tb quero voar com vcs!
Bjs
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