terça-feira, 14 de julho de 2009
Noturno da Solidão
Vou colocar um sininho de natal na porta. Com os dizeres: "Estou em casa".
Vou mudar a fechadura, colocar uma daquelas antigas, um grande trinco afetivo.
No meio da porta, e perto do trinco, um furinho para o cordão. Por dentro, o cordão grudado no trinco.
Vou mandar jogar fora a campainha.
Você chegando, é só puxar o cordão. A porta se abrirá.
Pode entrar, pé ante pé, para não acordar os monstros.
Te esperarei com chá. E sob a chuva esparsa, ouviremos Caruso cantar
Una furtiva lacrima.
Imagem: Lar, doce lar, por Leonardo Holanda.
(www.flickr.com)
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17 comentários:
Delícia. Você tem um jeito especial de escrever!
Que legal essa forma de expressar: trinco afetivo é de uma poesia que só você. Um convite à delicadeza!
Estás botando pra quebrar.Como se dizia lá para os anos passados: batatal! Muito lindo.
Posso entrar tb?
Amei as imagens, delicadas como uma porta amorosa que se abre!
Sorte de quem entrar.
que coisa bela!!! queria escrever assim.
Muito lindo!!!!
Mandei as instruções, recebeu?
ficamos, pois, com desejo de ser sua visita!
Ah, suas palavras como um colarzinho de delicadezas.
Beijos
Todos podem, sim, puxar o trinco e entrar...
Quero entrar também!
Beijo, Aero!!
Aero,
no meu blog tem uma "chamadinha" para um texto chamado "classificados"...seja ou não erro do blogspot, quero o texto que lá está e aqui não. (risos). Olhá lá, pra ver se surtei!
Lindo quadro! Nada disso ainda não existiu - apenas num (in)certo futuro - mas já no leitor a intensidade imagética desse momento. Bela projeção.
Abraço.
Lindo texto, como sempre. Espero que lhe chegue a visita esperada.
Nosssssss... Amei!!! A começar pela imagem, um tom que já se encaixa perfeitamente com o que a poesia quer trazer. Leitura deliciosa, realmente!
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