Minha irmã tem uma idéia revolucionária: a criação de um tapete voador. Com ele todos os seus problemas estariam definitivamente resolvidos: não precisaria mais ficar em pé, só deitada. Assim, deitada poderia ir abrir a porta, quando tocasse a campainha. Deitada, iria ao trabalho, onde, deitada digitaria tudo que lhe caberia fazer durante o dia. Deitada, enfim, poderia, com o tapete voador, atuar na vida. Acho uma boa idéia essa, eu que também sou adepta de esticar o corpo numa cama. Que gosto de sonhar deitada, olhando para o teto, desde criança. Para que ficar em pé? Essa é a pergunta dela, que sonha em não ter que precisar levantar nunca mais, principalmente para trabalhar. Nesse quesito, para ela o melhor mesmo era ganhar dinheiro no mole. De preferência, claro, deitada.
Minha irmã é uma legítima defensora do não fazer nada. E eu acho interessante isso. Ela assume nem nenhum trauma, sem nenhum melindre, sem qualquer remorso. Para quê?
Sábia humana criatura.
Enquanto que eu, ao descansar um pouco, fico pensando agoniada no tanto que preciso fazer, ela dorme como um anjo. E quando acorda, às quatro horas da tarde, me liga com voz de sono, perguntando se eu também estava dormindo. "Oh, que nada!", respondo. "Estou corrigindo provas". Aí ela: "Aaave Mariaaa...", e, bocejando, desliga. Para continuar seu sono em paz.
Até chegar o grande dia do "eureca" e construir seu tapete voador, ela vai se virando como pode: faz do filho de dez anos um autêntico "contínuo" (quem se lembra dos contínuos de antigamente?). O menino pega água para ela, suco, merenda, etc., sem se rebelar. A cada viagem dessa, evidentemente, ele cobra... cinqüenta centavos.
Ah, minha irmã, faça logo esse tapete! Pois quando você estiver dormindo na cama, à tarde, eu poderei pegar ele emprestado e sair voando por aí... deitada, em estado de felicidade, olhando para o céu azul.
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7 comentários:
Aérea Persona, cama tem usos mais interessantes. Embora concorde com fazer nada, que é a melhor maneira de tudo fazer. Preciso de uma força aí do seu São Longuinho para encontrar um pouco de minha memória perdida. Ainda acho o caminho de casa, e na casa, o caminho do pote, mas... Abr. (carlos)
Sim, mulher alada, ficar na cama é bom, seja dormindo, namorando ou fazendo nada, mas eu também bem que gosto de correr por ai. Ah, e você não precisa de tapete voador, você tem asas, moça. Beijos.
Hum...adorei a idéia do tapete voador...mas eu gostaria de percorrer longas distâncias.Quando minha filha era pequena assistiu muitas vezes ao filme de Aladin, da Disney, e a cena que eu gostava era ele e a princesa Iasmine viajando pelo mundo,numa noite linda e estrelada, " o mundo ideal é um privilégio ver daqui...olha eu vou lhe mostrar, como é belo esse mundo..."
beijo,
Martha
eu quero um tb, assim nao preciso sair dos meus edredons nesse friozim!
Sua irmã assume isso sem traumas pq não nasceu na minha casa!(rs)
Aero...
Não canso de acesar a www
e mesmo sem querer e querendo
Adentro o seu terreiro
Em busca de novas
lembre-se que você é responsável
Por tudo aquilo que conquista
Cara, aeronauta, conheço a peça raríssima que é a sua irmã e sou adepta das idéias e da não culpa que a constituem. E acho ainda melhor a forma alegre que ela vive a vida. A cultura ocidental é pautada na culpa e para mim é um grande prazer encontrar um par tão interessante. Agora,o seu modo culpado, melancólico é igualmente interessante e assumido. Me parece que você e sua irmã têm mais em comum do que tenham se dado conta. Bjs.
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