Nunca estive nesse lugar: a atmosfera é outra e um astro mais ofuscante que o sol não muito longe fulgura.
(Kafka)
Vez em quando, andando na rua, dá-se um estalo. Em mim algo se quebra, a existência talvez. É preciso continuar andando, ir ao banco, depois almoçar, depois viver. Vidro partido dentro do peito, água transbordando no corpo, olho parado no vácuo. Será isso o nada? Será isso a infelicidade? Será isso a sombra? O que será isso? pergunto, pergunto, pergunto, pergunto: quatro vezes. Se você tem a chave, me dê. Porque toda vez que o vidro estala, meu corpo se recolhe. Deita-se na cama, e dorme. Não há como catar os estilhaços: é tudo por dentro, misturado com o sangue que se petrifica.
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9 comentários:
Perfeito!
Estalos da existência... Gostei disso! Gostei mesmo! :-)
saberei? não sei...
Não há chave. Isso é simplesmente a vida mesma, num momento assim, noutro de outro modo. Talvez como se uma brincadeira fosse.
"É preciso continuar andando, ir ao banco, depois almoçar, depois viver." Aero, tenho andado tão cansada, estudando, trabalhando, nem tenho tido tempo para acessar, diariamente, os blogs que adoro, como fazia antes. Mas, de repente, a saudade de você bate, resolvo vir aqui te visitar e tuas palavras me encantam, como sempre! Um beijo.
eu, que tropeço que nem vc, cujo estalo tambem me atinge, não sei de chave, só sei que é preciso continuar andando...
E eu fico um "caco" todo dia,todo dia, todo dia...
Tb sinto estilhaços, e tb não faço ideia de quem tenha a chave!
as rachaduras!!!!
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