domingo, 25 de outubro de 2009
Oferenda
Mais uma vez, ontem, teu dia, não fui ao mar. Fui criada na água doce, águas do rio santo antonio desembocando no rio baiano, rio gafanhoto. Lá não tem onda pra me assustar. O máximo que tem pra dar susto é um limo aqui e acolá, uma escorregadinha, ou uma areia funda levando para as profundezas nossas pernas. Água vermelha, água preta, água amarela, água branca. Friazinha que dá gosto abrir as mãos em concha para bebê-la. Depois deitar o corpo nas pedras, sentindo o cheiro do mato e da areia.
Oh, minha mãe, perdoa-me o mau costume. Tenho medo de tuas águas. E já estou ficando velha para aprender a fazer castelos e abrir cacimbas. Noutro dia levei flores para ti, veio de lá uma onda de uns dois metros e quase me carrega junto com as flores. Sou desajeitada para te agradar, não sei vestir branco, muito menos azul, e nem cuidar do meu ori. Meu juízo é quente, minhas mãos fechadas, meu semblante triste.
Ontem, sábado, mais uma vez não fui à tua casa; então te ofereço, hoje, lindas rosas brancas aqui mesmo - nesse mar que tenho por dentro, azul, largo, infinito.
Imagem: "Iemanjá". In: www.flickr.com
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7 comentários:
"aqui mesmo - nesse mar que tenho por dentro, azul, largo, infinito."
Lindo!!
Aero, ela deve estar feliz com este presente. Eu fiquei ao lê-lo.
aeronauta: estava sentindo falta de um texto como este. Sempre belo.
Inaê ficou feliz com a oração e a oferenda. Já Oxum deve estar enciumada...
Linda oferenda. Palavras-flor.
Eu e ela somos íntimas... Caso ela se aborreça contigo, me avisa... Mando intervir a seu favor! Somos da mesma data! A gente se entende! hehehehe...
Lindo texto!!
Beijos
Esse mar que tens por dentro é uma imagem e tanto: desconcertaste a sereia, pois, pois!
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