domingo, 15 de março de 2009
ao Eleito
Poema da Ternura*
Cecília Meireles
Se Tu fosses humano,
as minhas mãos
viveriam tecendo
carinhos e sedas,
para te darem trajes prodigiosos
de lenda...
Se Tu fosses humano,
os meus olhos andariam acesos,
noite e dia,
e tão postos em Ti
que brilharias todo,
como quem se houvera coroado
com o sol...
Se Tu fosses humano,
a minha boca seria
fruto para a tua sede,
música de amor para o teu sono,
festa da Consolação
para a tua tristeza...
Se Tu fosses humano,
eu seria o teu brinquedo
de criança,
as tuas armas
de guerreiro,
a flauta em que a tua velhice
louvasse o próximo cerimonial
da Morte...
Se Tu fosses humano,
ó Eleito,
eu seria tudo, na tua vida...
Mas eu não sou nada...
Eu não sou nada mais
que esta ansiedade impossível de ser...
...........................................
Oh! pensar que, se Tu fosses humano,
as minhas mãos
viveriam tecendo
carinhos e sedas,
para te darem trajes de lenda,
prodigiosos...
*MEIRELES, Cecília. Poesias complestas de Cecília Meireles. Vol. 6. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976, pp. 74/75.
Imagem: tentativa minha (trôpega) de escanear sobrecapa do cd de Renato Braz.
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9 comentários:
pois sua tentativa de escanear deu uma imagem super bacana.
Maria, se você que entende tanto de imagem diz isso, eu vou acreditar e ficar feliz.
deixando o poema sem comentários ( quem sou eu...)a foto ficou bacaninha mesmo.
Linda esta poesia de Cecília para o seu Eleito.
Estará lá.
Que alegria!
Um beijo
Oi querida, vim agradecer não publicar meu comentário. Sua discrição, prova de amigo...não devo mesmo ser tão confessional.
Ó, fiz um poema pensando nisso, vai sair no cariricult, vê lá.
Beijo grato.
Marta F.
Só hoje pude ter condições de moderar os comentários; fiquei com pena,mas apaguei o primeiro comentário seu - porque você, de alguma maneira, pediu. (E eu gostei tanto dele!) Um abraço.
Ah, querida, que blog delicioso este seu. É sempre um prazer visitar você aqui.
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