domingo, 29 de junho de 2008

Agapito

Dona Zuleica deu à minha irmã um boneco desengonçado. Pai batizou-lhe de Agapito. Agapito era o amor e a dor de minha irmã, coitada. Isso tudo porque o dito cujo era de segunda mão, e tinha os braços e as pernas que não conseguiam ficar nos seus devidos lugares. A brincadeira de minha irmã nunca começava, pois ao pegar no boneco um braço caía. Quando ela voltava com o braço, o outro caía. Depois, enfim: os dois braços nos seus devidos lugares! Porém, quem tratava agora de cair era a perna esquerda. E depois a direita. Ao conseguir armar o boneco todo, para finalmente niná-lo, pernas e braços se desmantelavam. Ela, furiosa, jogava o resto do boneco no chão e ia chorar. Cinco minutos depois, enxugava as lágrimas e recomeçava a infeliz tarefa... De novo braços e pernas nos seus devidos lugares, e etc...
Ah, minha irmã, Agapito foi sua primeira amostra.

Um comentário:

Carlos Rafael Dias disse...

O Mito de Agapito
O eterno recomeço