quarta-feira, 11 de junho de 2008

Recado

O único sentido que encontro na vida é a literatura. É ela que me conduz a fim de que eu não desista. Sempre achei o mundo um tédio, sempre quis estar em outro lugar. Nunca fui alegrinha, saltitante e linda. Pelo contrário. Sempre fui incontestavelmente triste, eis a grande verdade. Incontestavelmente triste. É uma sentença isso: seguir triste pelo mundo. E, que, por favor, diante do espetáculo do "ser alegre", me deixem com minha tristeza, em paz; tenho todo o direito. Não estou fazendo terapia para ficar alegre, de jeito nenhum. Faço terapia para descobrir todos os meus abismos, e andar por eles sem nenhum medo. Não é para andar por eles dançante e fagueira. Mas para entrar neles e saber o tamanho de suas paredes; a cor de seu chão; as imagens dos seus pesadelos. Nesses caminhos não há espaço para a alegria: há apenas para o senso de humor. Eis a grande diferença, fiquem sabendo. Meu terapeuta principalmente: fique sabendo que quero ser triste, tá? Entenda isso. Você não vai me converter. E se eu não publico em papel impresso os meus versos não quer dizer que sou mais triste. A tristeza em mim é direção, não é um recalque. A literatura me acolhe; só ela até hoje me entendeu; só ela impede que eu mate alguém, mesmo tendo lido como se faz isso, direitinho, em Os irmãos Karamazovi. Dostoievski é sábio, Dostoievski é santo: ensina a matar para que a gente não mate. Só a literatura me entende: ela atua por outras vias... através da dor, da lágrima, da carne.

2 comentários:

Unknown disse...

A Literatura pode ser um remédio contra o tédio, solidão, depressão, é o alimento do saber, da imaginação, a literatura é uma bênção da humanidade

Naiana P. de Freitas disse...

Ângela toda vez que acesso seu blog, encontro algo novo..não sei se darei conta de tanta coisa a dizer sobre o Aeronauta!
abraços!
:D