sexta-feira, 21 de junho de 2013

o sonho e o cavaleiro




Nessa noite, em sonho, um homem me visitou. O corpo dele pedia amor, eu o conhecia de muitos anos atrás, era um conhecido, um amado conhecido. Ele queria de novo ser amado por mim, só que apareceu uma mulher na hora e nos acompanhou pelo nosso passeio, passeio que era nosso apenas. Cheguei para ela e disse isso, expressamente: "esse passeio é nosso". Ela entendeu, parou por onde estava,  e eu segui com o homem que necessitava ser amado e que eu queria amar. Vocês sabem, nenhum sonho, ainda bem, é literal: é sempre poético, fragmentado, cheio de cortes de câmera, cinematográfico. A cena que surge a seguir é o homem deitado à minha frente, eu lhe apalpando o peito e percebendo que ele trazia no seu corpo muitas camisas: não era apenas uma. Camadas e mais camadas de camisas o sobrepunham como cascas de cebola. E eu teria que ter o trabalho e a disposição de retirá-las, uma a uma. Perguntei se aquilo tudo era frio, por que tanta camisa. Ele nada falou. Na cena seguinte aparece eu tentando tirar pelo menos a primeira camisa, ou seja, a última. Não conseguia; e não conseguia por que sabia que as camisas eram muitas e eu não conseguiria chegar à primeira: Quando? Em que tempo? Em que século? Meu prazer aumentava diante do interdito daquele que se vestia para sempre, como um cavaleiro medieval, e eu morria em mim, muito viva, muito viva.

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