domingo, 9 de junho de 2013

sobre a redenção de nós, malditos


Deus Abraxas. Tenho o mal e o bem em mim, e o que faço, a todo o tempo, é tentar jogar o mal fora. Há um gozo em fazer maldades, em se vingar. Não, não me venha com cara de santo, que eu sei que você, leitor, por mais religioso que seja, já desejou que alguém morresse; que azulasse no mundo desaparecendo. Oh Deus Abraxas, Deus que habita meu sangue fervente, humano, demasiado humano, me abrace, me compreenda. Fui feita numa casa simples, de um povoado singelo, de uma relação de amor e abandono, de carinho e sofrimento, provavelmente com cheiro de cachaça circundando o ambiente. Fui feita também através do ódio e do desamparo, do sexo frouxo e convencional, das intimidades dilaceradas. Como hoje eu poderia ser algo maior do que sou? Sou frágil, também dilacerada, dada às fraquezas de pensar em matar e ferir. O pior é que não consigo matar nem ferir, então a faca se volta para mim, com a fúria de quem se envergonha da covardia de seu dono.



Imagem: Abraxas (www.google.com.br)

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