quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Cenas do cotidiano (I)


Hoje conheci, às cinco e meia da manhã, "Legal". É, um taxista chamado "Legal", vulgo Adalberto.
Nunca gostei de puxar conversa com taxistas. Aliás, eles também pouco conversam comigo. Só um, certa feita, me contou que sua cliente abriu a porta com o carro andando - pra não ter que pagar.

Porém hoje, logo que entrei no táxi, o motorista, "Legal", senhor de seus sessenta e alguns anos, perguntou se eu gostava de conversa. Disse que sim. Aí ele tratou de investir nas histórias. Contou que quando um passageiro entra no seu táxi ele percebe imediatamente se é antipático ou não. Que na semana passada levou uma senhora antipática para o Cabula que acabou com seu dia. Que deu vontades de abrir a porta, em plena corrida, e fazê-la descer. Que nesse mundo tem gente ruim e gente boa. E que quando nota que a pessoa é ruim, se faz de mudo, responde tudo com gestos. E que, veja só, um dia desses uma mocinha entrou e só disse isso: "Orixás center, politeama". Dois minutos depois, ele olhou para o banco de trás e não viu ninguém. Pensou: "Ué, a menina pulou a janela?" Quando olhou direito percebeu que a dita estava deitada, com as pernas pra cima. "Estava pernoitada, a moça, hi, hi, hi", concluiu, rindo.
Disse que conhece por dia milhões de pessoas. De todos os tipos. Há mais de trinta anos. Uns lhe dão sorte, outros não. Que levou um rapaz para o Canela e que esse pechinchou, pechinchou. Mas que logo depois encontrou outro passageiro, e ganhou um dinheirão: "Stella Maris. Sessenta e cinco reais".

Enfim, chegamos. Ele ressaltou como foi boa a nossa prosa, pois a viagem foi ligeira e alegre. Preço: vinte e dois reais. Ao descer, depois de ele repetir mil "bom dia" pra mim, fiquei pensando se lhe daria sorte nessa quinta-feira.


Imagem: www.flickr.com

5 comentários:

Unknown disse...

Aero,
eu converso mais do que a nega do leite com os taxistas. Os daqui do bairro é dona Maria pracá, é Leno pra lá, é Carlos, é Eduardo e por aí vão. Tem tocador de bandolim, tem pai alcoolista, tem esposa professora. Adoro velsar e revelsar.
A seguir copio um recadinho que deizei pra você em Kátia, mas se você não voltar lá...
"Para AERO aí em cima tou rindo, amiguinha! Eu que fico enciumada, você escreveu pra Bernardo e pra mim... pequena referência num comentário (rá rá rá, gostou?). E Katita foi rápida no gatilho digital."
Beijim di maricotim

Anônimo disse...

Amiga, tens dúvida da sorte que deu? Ôxi!

Bernardo Guimarães disse...

já fui de muito tagarelar; hoje ouço muito mais do que falo.

Muadiê Maria disse...

sou do tempo em que taxista era chamado de taxeiro.

Unknown disse...

Lógico q vc deu sorte!Nd melhor q uma boa prosa!