quinta-feira, 3 de julho de 2008
Alumbramento
Gosto de ficar em casa: eu e meus livros. Nós nos entendemos tão bem que através deles consigo maravilhar-me com a vida. Eu e meus livros. Eles têm vestígios meus, vestígios de minha alma infantil, quando eu morava no interior e os comprava pelo reembolso postal. Nesse tempo aguardava o correio com impaciência e outro sentimento que nunca consegui definir bem. "Salvo", o carteiro, chegava na janela gritando com estardalhaço "carta, carta, carta!" E quando eu via nas suas mãos um papel branco, aviso de chegada de alguma coisa, meu coração pulava. Ia correndo buscar o dinheiro nas mãos de pai para, finalmente, ter meus livros em casa. Em casa. Agasalho, esconderijo, toca. É, nunca tive vergonha de dizer que eu era uma menina "entocada", que vivia na toca mesmo, por vontade máxima. Vontade de viver um amor exclusivo, no qual o entrar e sair de almas pelas páginas dos livros me preenchiam de algo que o mundo nunca me deu.
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5 comentários:
"Tropeçavas nos astros, desastrada..."
Aeronauta,
Gosto, gosto muito de sua escrita. Todo dia venho aqui. Hoje me vi menina com os livros - se não fossem de escola, não suportava escola... aí eu fugia de bicicleta com meu amigo Marquinho Nigrinha!
Maria
Nauta, em que não nos parecemos? Já estou com vergonha de todo dia vir aqui e sempre querer dizer: eu também!
Beijocas.
Oh, Aeronauta, eu adoro ficar em casa com os meus livros, mas também adoro sair para tomar um sorvete com a amiga alada. Beijos.
Até hoje sou assim. Adoro o que vc escreve.
Beijos,
Renata
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