terça-feira, 5 de agosto de 2008
Achados e Perdidos
Hoje acordei dostoievskiana, com vontades de matar só para ver se sentirei remorsos depois. Tive a coragem de desbancar santos e milagreiros. Cheguei a dizer pela manhã que o único santo que presta (tirando, claro, Santa Cecília) é São Longuinho, simplesmente porque ele acha tudo o que a gente perde e pede. Os outros santos ficam na demora, na sabedoria, na sobriedade, enquanto São Longuinho é prático: pediu achou. Outro santo danado de ligeiro também é Santo Expedito. Dois poderosos santos. Mas sinto que São Longuinho, com sua lanterninha, no altar de minha estante, me entende mais de que os outros. Só que ele não pode encontrar gente perdida, só objetos. Gente perdida é objeto de outra espécie, e haja pulinhos e gritinhos para pagar promessa. São Longuinho não quer saber de vela, nada de pagamento de promessa com vela (sua lanterna o livra de desejar isso), ele quer mesmo é pulinho e gritinho. Tão simples, tão despretensioso, meu santo querido. Certamente, agora, ele está rindo de minha maldade infantil. Não leva a sério minha potencialidade para o mal. Escuto de cá sua vozinha irônica me perguntando quantos pulinhos e gritinhos darei se ele achar a dita pessoa perdida. Ah, meu querido santo, esqueça. Ou melhor: encontre-o e o esconda o mais possível de mim, debaixo da terra, ou em cima do céu, ou nos bueiros da esquina, onde nem sua luminosa lanterna possa novamente encontrá-lo. Assim poderei ter, saudavelmente, e de novo, perna e boca para pular e gritar em tua homenagem.
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2 comentários:
E Santo Antônio? Além de lerdo, é broco. Pense!
De minha parte agora conto com o nepotismo: Galvão como o frei, creio que ele bem poderia dar uma forcinha, né não?
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