domingo, 31 de agosto de 2008
O olho
Não sei por que dificilmente a Aeronauta aparece no domingo. Fecha-se nalguma nuvem de Pasárgada, que é melhor. Domingo é dia de gente? É, sim, dia de gente alegrinha e chata. Daquelas que fazem o maior estardalhaço quando lhe encontra, e conversa sempre lhe elogiando o tempo todo, dando tapinhas no seu braço e pegando na sua mão. Ai!, tem algo mais odioso? Odioso porque você olha no olho dela e enxerga lá uma outra coisa, totalmente diferente. Lembrei agora de uma história engraçada, um fato que ocorreu na minha terra. Dona Maronita, coitada, que lavava roupa na beira do rio e viu uma jibóia. E, claro, a jibóia também lhe viu. Só que dona Maronita viu algo mais na jibóia: o olho, que trazia, extraordinariamente, a cidade de São Paulo inteirinha, toda iluminada, coisa que ela mais queria conhecer na vida! Então, as duas foram chegando perto: mulher e cidade, ou melhor, mulher e olho e boca de jibóia. Se não fosse um menino desses, que vive a vida inteira tomando banho de rio, dona Maronita ia mesmo conhecer para sempre, e de verdade, a cidade-alvo de seus desejos.
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8 comentários:
Impressionante! Como é que você foi lembrar dessa história? Você tem razão quando diz que eu não lmebro de nada. Adorei relembrar esse causo de Maronita.
Rapaz, isso é coisa de realismo fantástico. Por que vc não desdobra num conto?
Vou contar pra D.Eny, uma amiga de quase 70 anos que lava roupa na beira do Rio de Alma, e se gaba de jamais ter deixado de comparecer ao ofício. Eu não quero jibóias perto de Eny...
da chatice dominical ao olho da cobra... tudo tudo tudo. Muito bom.
Li este texto ontem à noite, antes de dormir. Preciso dizer o que ficou me encarando com algo a mais nos olhos, enquanto eu dormia? Rs...
Que bom que você achou seu mote, Mulher Alada, e voou alto assim. Beijos
que história incrível!
Imagine, menina, e o olho da cobra é verde? Bacana como sempre, aérea pessoa. Beijão
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